terça-feira, 23 de maio de 2006

Seu Codinome

Você já reparou que todos nós temos codinomes "gerais" e nem nos damos conta disso?
Podemos ao mesmo tempo ser cliente, usuário, freguês, sócio, patrão, chefe, Doutor, Dona ou até empregado, vendedor, e por aí vai.... tudo depende do lugar em que estamos e da posição que nos encontramos...
Se entro numa loja para comprar algo eu sou cliente, ou freguesa... se entro na loja para pedir emprego não sou ninguém, o máximo que poderei vir a ser é empregada ou vendedora!
Se estou no meu local de trabalho posso ser a chefe ou a patroa, a sócia ou a doutora... tudo depende de quem está acima ou abaixo de mim, claro!
Frequentemente não somos chamados pelos nossos próprios nomes; e é tão "costumeiro" que nem percebemos....
Quando você vai a um barzinho por exemplo o garçom não tem nome, ou é garçom, ou então amigo, parceiro, "psiu"... você já perguntou ou leu a plaquinha com o nome do garçom? Eu acho que nunca fiz isso, pelo menos não me lembro de já ter feito isso alguma vez.
E quando trabalhamos em um local onde existem muitas pessoas... você conhece as pessoas pelo nome? Uma a uma? Eu não! Jamais... minha memória não dá pra isso... até porque o convivio é restrito ao departamento em que trabalhamos e o trabalho diário nos prende. Confesso que nunca me esforcei para procurar associar o nome a pessoa.... e sempre que preciso falar com alguém de quem o nome não me lembro sorrio graciosamente, falo um td bem (por educação) e logo entro no assunto que preciso... pronto!! Problema resolvido!
O dia a dia nos leva a otimizarmos o tempo e o cérebro... mas é interessante o quanto uma coisa dessas mexe conosco quando somos nós que estamos do outro lado, não é mesmo?
E quando alguém troca o nosso nome? Ou uma letra? Tal como Cristina por Cristine, ou Cristiane por Cristina/Cristiana, ou então Daniela por Daniele ou Danieli, entre tantos outros nomes assim....
Queremos matar quem cometeu uma asneira dessa, não é mesmo? Como pode a pessoa não saber seu nome? Que absurdo!! Mas dificilmente nos ocorre quantas vezes já fizemos isso com outras pessoas...
Sabado fui a uma festa e, na porta, ao ser cumprimentada por um senhor que me conhece desde criança, fiquei irada quando ele me chamou de Denise... na saída ele veio se despedir e não tive dúvidas... disse um "Até logo seu José"... ele ficou imobilizado e sem reação, ficou uns instantes me olhando como se não acreditasse no que tinha acabado de ouvir e eu me senti vingada naquele momento... com certeza ele teve a mesma sensação que eu senti quando ele trocou completamente o meu nome! Depois de um tempo até senti pena dele, mas ele não é uma pessoa tão idosa assim para começar a ter lapsos de memória ou amnésia leve... foi pura falta de atenção da parte dele...
Claro que o que aconteceu me fez pensar em tudo o que digo agora... são fatos como esse que nos levam a pensar...
Se não prestarmos atenção nas pequenas coisas, de onde iremos tirar as grandes lições?
São as pequenas coisas e os pequenos detalhes que nos trazem as melhores satisfações e que nos movem, enriquecem nossas vidas... pode até ser que não sejam grandes momentos.... até porque se fossem jamais seriam grandes (ou seria um grande contrasenso dizer tal coisa), os grandes momentos são raros e únicos na vida de todo o ser humano, mesmo na vida de quem tem muita grana e um mundinho particular.
Aliás esse mundinho é bem pequeno e essas pessoas geralmente vivem uma vida inteira em torno dos mesmos lugares, ambientes e pessoas.... afinal, a grande massa são de pessoas de um nivel econômico bem mais baixo, dos que esses outros do "mundinho"... o que pode ser novidade para a maioria, para eles é rotina... coisa de fim de semana... e aí os nossos grandes momentos geralmente não são os grandes momentos deles... aliás, os grandes momentos deles são muito mais raros ainda!!
Poxa, tudo tem que ter um lado bom nessa vida, não é mesmo? rs
Nesse momento, ouvindo Enya "Storms in Africa", me sinto no alto de uma montanha (daquelas que se pula de Asa Delta, sabe?) me vendo de braços abertos bem na beirada do topo, com os olhos fechados, sentindo o vento no meu rosto... me sentindo livre, e dona de mim mesma... Dona de tudo o que posso sentir, ver ou tocar... Única! Já senti isso uma vez...e quero sentir novamente! É maravilhoso! Mas sentir que as pessoas nos conhecem independente de sua posição, cargo, poder de aquisição, status, perfil ou o que quer que seja, apenas por ser quem é, apenas você, nos faz um bem inimaginável!
Vamos pensar mais na próxima vez que formos conversar com alguém que não sabemos o nome....
O que você pensa disso, amigão? Ou devo chamar de companheiro? Sócio? Hhhuummm Chegado? rs