quinta-feira, 27 de julho de 2006

Nadar e morrer na praia

Quem nunca ouviu essa expressão? Dúvido que alguém acima dos 18 anos nunca tenha ouvido. Essa expressão é aplicada em muitas circunstâncias, porém sempre em situações negativas. Como é o meu caso.
A três dias tenho tido esperanças em realizar um dos meus grandes sonhos em um futuro próximo, hoje me empurraram da escada, ou melhor, utilizando a ideia da expressão acima, não me estenderam a mão quando eu já estava a poucos metros da praia!! Na hora fiquei P da vida, depois me revoltei contra o destino, depois entristeci, me magoei e quase, bem quase eu chorei. Nesse momento eu estou em um desespero profundo... mas dentro de mim.
A sensação que eu tenho é que cheguei na faixa dos 30 anos e não tenho nada, além de algumas coisas eletrônicas (incluindo meu computador), roupas, e muitos livros. Acredito eu que nessa faixa etária meu pai já tinha a casa dele, o carro dele e a loja dele. E eu? E eu??
Eu...nadei, nadei, nadei.... lutei contra tudo e todos e estou morrendo na praia agora! Aaaahhhh... me bate uma tristeza, sabe? Como eu queria ter alguém p/ me ajudar, me dar a mão, me conduzir e depois me dizer... "não se preocupa, eu vou cuidar de vc"... "eu vou atrás dos seus sonhos, vou realiza-los junto com vc, custe o que custar! Porque o seu sonho também é o meu!"
E mesmo que não fosse, só por estar aqui comigo, por me dar a mão... me consolar. Eu estou cansada de nadar... nesse momento acho que é melhor eu me enterrar na areia e nunca mais sair de lá!! Me conformar com tudo e não ir mais atrás de nada. Aceitar essa situação resignada, porque afinal de contas é como dizem "você não está desabrigada, tem um lugar só seu" MENTIRA!!! O lugar onde estou não é meu, nunca foi! E eu acredito que mereço mais do que o quarto dos fundos... a mim não importa se está coberto de ouro ou pintado de amarelo, com tábua corrida no chão... continua sendo o quartinho dos fundos, onde quase não me cabe dentro! Onde minhas coisas ficam empilhadas em uma estante e em cima de um guarda roupa por falta de espaço, e na minha vã esperança de que um dia essa situação mudará... de que tudo é provisório! O provisório já dura 3 anos e meio!!! Essa situação está como a CPMF... o provisório que ficou definitivo! Que no começo todo mundo se revoltou, mas que agora as pessoas nem se lembram mais que pagam mais esse imposto por cada movimentação financeira.
Eu tenho lutado, lutado muito... tenho tido fé de que um dia as coisas vão mudar... mas não mudam NUNCA!
E eu sinceramente... cansei... mas eu acho que dessa vez é p/ sempre.... não vou me levantar dessa areia, que me afunda cada vez mais toda vez que a agua do mar se lança sobre a areia já molhada. Estou atolada nessa areia, e sinto que não tenho mais forças para me levantar de novo... acho que nem quero me levantar.
Até porque para quem vê (e não vive na pele a situação) a minha vida é confortável, tranquila, eu não me preocupo com nada, tenho tudo na mão! Dizem que minha vida é mansa. Bom, o meu conceito de vida mansa é bem diferente! Tudo tem um preço, e eu pago um preço bem alto, na minha opinião. E afirmo em alto e bom tom... NÃO ESTÁ BOM PARA MIM! NÃO É BOM PARA MIM!
Cada vez que chego aqui e meu computador está ligado, minha tv está em outro canal, minhas coisas não estão onde deixei, eu me sinto invadida, violada! Todas as vezes que me gritam do lado de fora, que abrem a porta sem pedir licença, que pegam as minhas coisas sem autorização, fico irada, me sinto mal....sinto claramente que nada me pertence, nem mesmo o que comprei e paguei. Quero o que é meu! Preciso do meu espaço! Preciso do meu canto de paz, do meu refúgio... preciso da minha ilha deserta!!! Mas eu preciso de um meio que me leve até ela... eu preciso de um barco, ou uma boia salva vidas... Preciso que me tirem da praia, me desenterrem da areia molhada... e que depois disso, não me deixem naufragando no mar, mas me conduzam atpe a minha ilha, me ajudem a alcança-la; porque eu... eu não aguento mais... já não sei mais o que fazer... já nem tenho mais vontade de sair dessa areia, e nem tenho mais forças para nadar.