sábado, 4 de novembro de 2006

Faço parte dos Mortos e você?

Ao me deparar com uma propaganda de remédios fiquei pensando nas pessoas que se beneficiam deles; e isso logo me levou a pensar na quantidade de doenças que tem surgido nos últimos anos, assim como as síndromes que pipocam a cada dia.
Apesar de nos tornarmos a cada dia pessoas mais civilizadas, mais informadas, mais higiênicas e mais preocupadas com a saúde e a qualidade de vida as doenças e as tais "síndromes" só aumentam, e a cada dia se descobrem novos métodos para o tratamento de doenças já conhecidas, e aí a indústria do medicamento se apressa em colocar novos "produtos" no mercado.
Essa análise do atual contexto do mercado farmacológico me levou a pensar nas décadas passadas, onde não havia tanta informação, nem tanta doença (muitas doenças ainda eram desconhecidas), e muitos poucos medicamentos. Pensei nas pessoas que viveram nesse tempo... nas condições físicas e sociais das pessoas. Vivia-se menos, mas será que vivia-se mal?
Atualmente temos que pensar no futuro da nação devido a superpopulação mundial, que tende a aumentar; e por isso a preocupação com o abastecimento de água e alimentos, bem como busca por uma solução para o buraco na camada de ozônio, que faz com que o calor aumente, as calotas polares derretam, o nível do mar suba e cause uma invasão terrestre de águas marinhas. Uffa!!!!
E porque vivemos uma situação de superpopulação mundial? Já pensou nisso? Sim, as mulheres engravidam mais cedo, mas no século XIX isso também ocorria, e nem se falava em superpopulação. A qualidade de vida aumentou. Sim, e porque aumentou? Porque a informação e conhecimento aumentarem, porque hoje existe a cura para várias doenças e porque existe o REMÉDIO ou medicamento, como queira.
Quem nunca ingeriu medicamento? Ou um comprimido para a febre, ou uma pomada anestésica, uma vitamina, quem não já não fez inalação ou tomou remédio para tosse?
E os medicamentos para menopausa, para artrite, memória, outros tantos medicamentos para dor... tudo para aumentar a qualidade de vida das pessoas. Principalmente dos idosos e dos obesos, na minha opinião.
Se não fossem os medicamentos muitos, milhares, milhões já estariam mortos... Eu mesma seria uma dessas pessoas. Teria duas mortes até, a primeira por não ingerir medicamentos para dor e a segunda morte por ingeri-los. Afinal, sou alérgica a eles e nem sabia, precisei quase morrer mesmo para ter conhecimento desse fato. E depois ainda teria morrido de novo ao me submeter a uma cirurgia, buscando mais uma vez a melhora nas condições de vida.
É meio tétrico pensar assim, mas analisando friamente é uma realidade, e não apenas minha e sim de muitos, milhares, milhões!!
E o que fazemos com esse tempo a mais, com essa segunda, terceira ou quarta chance de viver? Continuamos seguindo a rotina das nossas vidas e, mesmo assim, ainda não mudamos o curso. Deixamos de aproveitar esse tempo nos preocupando com um salário melhor, um dia de chuva, roupas molhadas, questões mundiais, o próximo cardápio, o próximo carro, a moto nova, a roupa mais linda, a maquiagem perfeita, o sorriso certo, o olhar arrasador, a melhor foto, a posição perfeita, a impressão que as pessoas terão, o que as pessoas irão pensar, pensamos em tudo, em todas as coisas que não tem a menor importância pois não acrescentam nada as nossas vidas, não nos traz uma nova experiência, uma experiência arrebatadora, um dia incomum que poderá ser lembrado sempre por você ou por mim.
E por isso passamos a ser (ou continuamos sendo) mortos vivos.