quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Rio Negro

Aqui no Brasil mais ao norte do país acontece o encontro das águas salgadas do mar com as águas doces de um rio. Tal fenômeno tem até um nome, que agora não me vem a mente.
Mas esse fato me faz pensar no impacto ambiental que tal acontecimento causa. Sempre lembrando do princípio causa X efeito. Penso na mistura dessas águas e em qual seria o sabor dessa mistura; penso nos seres submarinos que sofrem os efeitos dessa mistura.
Penso ainda, se um peixe de água doce sobreviveria na água salgada... será que ele, peixe, saberia até onde ele poderia nadar (ir)quando se desse o encontro das águas? Ele pressente também? No Oceano tem algum tipo de aviso ou semáforo? Algo do tipo "não passe da linha vermelha, amarela, laranja, fluorescente"...sei lá.
Será que o peixe da água doce vê o outro da água salgada e grita: "ei, não passa pra cá porue aqui é doce!!"
E quais as diferenças de uma água para a outra, além da densidade e do sabor? No que influênciaria a vida pisciana? Quais fatores mudariam na vida desses peixes? Seria possível a sobrevivência?
Você deve estar pensando nesse momento..."que mulher doida!" "O que isso interessa?" "O que tem a ver comigo ou com o ser humano?" "Ela vai dizimar os peixes ou fazer mutação genética nos mesmos?"
Com certeza um biólogo tem tais respostas na ponta da língua, mas não tenho, aqui, o desejo de encontrar respostas biológicas, fisiológicas ou ambientais; nem mesmo explicar tal fenômeno e suas consequencias ambientais e comportamentais.
O que faço aqui é uma analogia de vida...me remetendo ainda a uma cantiga infantil "como pode o peixe vivo, viver fora d'água fria". Podemos nós simplesmente nos misturar? Sair de um "habitat" doce e nos instalarmos em ambientais salinos? Temos condições físicas e psiquicas de nos adaptarmos a novas situações, padrões, e vida?
O ser humano é capaz de grandes realizações e inúmeras adaptações, é flexível e resiste bem a pressões....mas tais fatores ocorrem dentro de um ambiente já conhecido, vivido e experimentado...
Estamos ambientados com certas circunstâncias de vida...mudá-la da noite para o dia poderá levar o ser humano a loucura ou ao suicídio, mesmo que este último seja interno.
Quando nos iludimos com algo ou alguém ou nos apaixonamos, tornamos as barreiras menores e totalmente transponíveis; passamos a minorar os problemas e dificuldades... nos tornamos invencíveis e totalmente pasíveis de alcançarmos tais objetivos... Objetivos tais, que se tornam objetivos de vida... como se nada mais existisse, como se não tivessemos objetivos anteriores, sonhos ou outras ilusões. Passamos a perseguir esse objetivo sem questionar outros fatores, sem imaginar se somos realmente capazes de sobreviver em outras águas, sem pesar nossas capacidades reais. Só depois que alcançamos tais objetivos (quando alcançamos) é que passamos a ser capazes de ver as coisas com mais clareza, ou até mesmo como elas realmente são.
É aí que percebemos, muitas vezes, que a água não é a mesma, que ela é agridoce, insalubre, escura, não potável,ou até mesmo ruim... Nada daquilo que imaginávamos... Percebemos que o cenário é diferente daquilo que sonhamos, daquilo que personificamos nos sonhos... a realidade é mais dura, mais nua e muito mais crua. E aí nos vem, muitas vezes a frustração, o desgosto, a sensação de vazio...e aí você pensa..."foi por isso que eu lutei tanto?" "Não foi isso que eu imaginei" "Não é isso que eu quero para mim" "Aonde estão as recompensas pela minha batalha?" "Cadê o que eu vim buscar, o que almejei?" E por fim você se vê no chão, sem objetivos, sem sonhos, sem ilusão, sem motivos para continuar, sem ninguém (novamente). Seus sonhos morrem, seus objetivos acabam, as pessoas perdem o brilho, sua paixão finda, suas ilusões não existem mais e a realidade é mais dura do que você pode suportar, e tudo o que resta é o amargo na boca de uma água que não pode ser absorvida por você, uma água insalubre, de gosto ruim.
Só as pessoas sem objetivos reais, sem opiniões e convicções... Pessoas sem destino é que conseguem transmutar nas águas sem sentir dor ou arrependimentos, sem coração partido, sem desilusão, sem sonhos frustrados. São pessoas mutantes, sem coração, sem sentimentos reais, sem vida própria. São pessoas que fazem da vida do outro a sua própria. Pessoas que nasceram para coexistir e não para viver a própria vida, mas para se tornar a escora de alguém, para ser coadjuvante e nunca personagem principal da própria vida. Essas pessoas não são pessoas, são salamandras, verdadeiros camaleões... apenas seres vivos.
Gostaria eu de ser um camaleão... a vida seria mais fácil, assim como os sonhos... Tudo já estaria pronto, bastaria sonhar o sonho de alguém, vivendo a vida de alguém, ser o que alguém quer que eu seja... tudo o que determinam e programam para mim. Ah! É bem mais fácil viver assim.