domingo, 23 de agosto de 2009

SURREALISMO

Ainda não sei se cresci, se já passei da adolescência. Não sei se ainda posse freqüentar boate. Não sei se já preciso me vestir como uma executiva só porque tenho um posto a altura. Ainda não sei se quero mesmo abandonar a calça jeans e a camiseta.
Adoro usar tênis!!
Sempre me vi em mais de uma versão e é difícil para mim de repente me enquadrar em apenas um tipo. Sou tantos tipos de mulher... Meu humor é meu guia.
Na TPM prefiro me vestir para matar.... Não a matadora sensual, mas aquela que tem uma “bazuca” nas mãos e atira para todos os lados querendo que mulheres e homens morram para que ela não tenha que falar com ninguém, nunca mais na vida!!! (Mas prefere matar as mulheres primeiro, CLARO!)
Nos dias de bom humor e tempo hábil, com um lindo sol: roupa mais sofisticada, salto alto e maquiagem.
Nos dias de chuva não dá para inventar muito: agasalho e uma bota se tiver inspiração para o “modelito”
Nos dias tristes qualquer coisa preta que me cubra.
Nos dias de “pé esquerdo” e também nos dias de “luta”: calça jeans, camiseta e tênis (batom de vez enquando). Às vezes uma camiseta mais colorida, uma blusinha mais “descolada”, um sapato no lugar do tênis; mas a calça jeans sempre presente.
Para uma festa vestido decotado (o comprimento depende do tipo de evento). Para a balada “kit completo”. Para dentro de casa camiseta e mais nada. Para a cama pijaminha e cobertor. Para um passeio de bicicleta short e camiseta. Para dias em que parece que o mundo é de algodão doce, um vestidinho meigo, florido! Para os dias em que parece que já não há mais solução para nada: lá venho eu com meu básico preto.
Existem pessoas que não importa em que dia estão, não importa se estão no céu ou no inferno, tanto faz se é frio ou calor, se o mundo desaba em suas cabeças ou não... Pouco importa se terão o pão de amanhã... Estão sempre com as mesmas caras, as mesmas roupas, os mesmos acessórios... Enfim, aquele “estilinho” de sempre!
Eu não consigo ser assim, preciso externar o que tenho por dentro. O que sinto! Seja bom ou ruim... Eu sou assim. Não sei se mudo; também não sei se vale a pena. Isso interfere muito na minha vida ou em nada?!
Começo a acreditar que não ter um estilo e se adaptar à vários já é “o estilo”.
Mas um estilo de ser e se vestir traduz a personalidade de alguém?
A vestimenta materializa a personalidade? A roupa personifica?
Realmente não sei a resposta correta, mas creio que a roupa dá dicas de como uma pessoa é; quais as características mais marcantes da personalidade de alguém. Despojada, introvertida, mesquinha, materialista, despreocupada, preocupada demais, vaidosa... Enfim.
Muitas vezes o ato de se vestir impõe presença. Algumas pessoas não se vestem, se armam. Debaixo de tanto cuidado com a aparência se esconde alguém que teme ser atacado, que teme perder a guerra, a batalha, o espaço doravante conquistado anteriormente. Chega a ser um contra-senso. Tanto trato e beleza para se defender e/ou atacar o mundo/ as pessoas.
Existem atitudes tão controversas que se tornam até surreais. Abstratas a realidade que a sociedade, em geral, conhece.
A novela imita a vida, e por vezes foge da realidade, noutras expõe o que pouca gente acredita ser verdade, ou mostra aquilo que a maioria não tem conhecimento, mas que acontece de forma recorrente em determinadas esferas sociais.
Esta ultima novela (Caminho das Índias), por exemplo, ilustra bem o fato que acabei de comentar. Uma mulher de boa educação, sempre muito bem vestida que usa de artimanhas para se defender da “concorrência”. Tem vontade de bater em certas mulheres, mas as trata com educação; mesmo quando estas esperam um surto de grosserias. Isto é “manter a linha”, não se deixar abater, minimizar o problema, se mostrar superior, demonstrar força, poder sobre a situação; seja ela qual for. O fato é que na verdade ela teme por algo que não possa ter o controle, que fique fora do seu alcance... Teme o futuro, o amanhã... Teme o oponente, que desconhece; e teme ser mais fraco que o próprio.
Por isto insurge com o inesperado, uma atitude surreal, nem um pouco esperada que surpreende e chega a causar sentimentos de espanto, simpatia, admiração, suspeita, carisma e principalmente respeito.
Uma atitude que ao mesmo tempo em que se admira, se repudia tamanha a submissão das vontades de uma terceira pessoa; tamanho o abandono de si próprio, de sua personalidade, de suas emoções e sentimentos em prol de um objetivo, uma situação, um modo de vida.
As mulheres são mais capazes desse tipo de artimanha do que os homens. Elas se negam mais em prol de seus objetivos, em prol de seus desejos, sonhos, em prol de outro alguém; do que o homem. A mulher é mais aberta para este tipo de sacrifício, é mais pré-disposta a atitudes dessa grandeza, dessa magnitude.

Às vezes, sem querer acabamos em uma dessas cenas de novela, onde a vida se encarrega de encenar e nos coloca em cena, fazendo um dos papéis principais. Tal qual a cena que presenciamos é a cena que fazemos; em um completo surrealismo, totalmente real... Um momento presente.

É de pasmar e deixar pasmo a todos os espectadores da vida alheia.

ANESTESIA DA ALMA

Uma vez ouvi alguém dizer que existem pessoas que não sabem viver em plena felicidade. Precisam de um problema, um drama para que se sintam confortáveis, ou melhor, para que se sintam vivos!
Também dizem que pessoas abonadas nem sempre são felizes, e que na maioria das vezes os problemas que esse tipo de pessoas possui não depende de dinheiro para ser solucionado. O que de fato deve ser verdade; porque caso contrário nem haveria em que se falar em problemas. Concorda?
Pois bem... não faço parte de nenhuma das duas categorias, mas gostaria de ter parte de ambas. Felicidade e bastante dinheiro. Aí você pensa: “quem não quer?”. Todo mundo, claro. Mas eu não sou o tipo de pessoa gananciosa, não quero mmmmmmmmuito, só o suficiente para realizar algumas das muitas boas coisas da vida. Nem preciso de felicidade repleta, mas preciso de uma concreta, de verdade... dure o tempo que durar. Desejo que os problemas que surgirem venham em baixa escala e que não sejam criados por mim... Que sejam aqueles de situação; devido a uma aquisição, uma conquista, uma vitória... um desejo saciado. Enfim... Problemas advindos de uma boa lide, de uma boa causa. Algo que tenha surgido devido a defesa de uma tese, uma idéia, por proteção a um ciclo....
O pior é adquirir problemas devido a um mal entendido; uma palavra impensada, uma frase mal dita (ou maldita, que seja). Um problema que não existiria se aqueles 5 minutos jamais tivessem existido naquele determinado dia. É o tipo de problema que se torna tão grande, tão imenso para si, que se torna difícil carrega-lo; o que dirá resolve-lo.

Duro mesmo é sentir tanto por isto; é te doer tanto que sua alma fica tolida, insensível a quaisquer outros males, alegrias... a alma se anestesia.
Sabe o que é ir ao paraíso e não se sentir feliz lá? Eu sei
Sabe o que é beber o melhor vinho e ainda assim não se contentar? Eu sei.
Ir as festas temáticas mais legais e retornar para casa antes do fim. Sabe o que é isso? Eu sei
Ir a um baile e não dançar uma única música; querer se embebedar noite adentro e não conseguir esvaziar uma garrafa por falta de ânimo; querer chorar e não surgir uma lágrima dos olhos; olhar a mais linda paisagem e não sentir nada! Não sentir o vento que bate no rosto, não ouvir o barulho das ondas do mar, não sentir o aroma das plantas, o gosto de tudo. Achar tudo tão igual, tudo comum... Sabe o que é isso? Eu sei!!!
É como “estar e não estar lá.”
Um filme em tela grande, onde você usa os óculos 3D. Numa realidade virtual. Uma realidade que parece não sei a sua, apesar de estar lá, de pisar, de ouvir, ver... Mas você não sente!!
Não consegue sentir; não consegue se sentir. Se achar! A dor tomou conta, a problema se transformou em um monstro... dinheiro nenhum no mundo é capaz de resolver isto; e nem depende de você... Saiu do seu controle, não está nas tuas mãos.... Deixou de te pertencer e de ser dominado por você a partir do momento que as palavras saíram da sua boca e percorreram todos o caminho até serem ouvidas por quem as encontrou pelo caminho.
E um problema que não depende de você para ser resolvido é sempre muito maior do que você porque não é conduzido conforme a sua vontade, conforme o seu jeito de ser e a sua maneira de pensar, para ser resolvido. Depende de outra ou de outras pessoas para que se chegue a uma solução. E este tipo de solução nem sempre vem a contento.
“A palavra proferida jamais é retornada”.... essa é frase conhecida.
O fato é que por depender de outros para resolver questões que te atingem diretamente, você fica atado a vontade alheia, a uma outra cabeça, outra forma de pensar... e isso consome... a tal ponto que se chega a sentir que nada mais resta para ser consumido, possuído pela dor que vai no peito e que toma o corpo inteiro.
Já é tudo tenso, dolorido, duro...
O psicológico deixa o físico frágil e todo tipo de males te acomete... a resistência corporal já não é mais um escudo... e o corpo sucumbe ao emocional abalado; e tudo mais se abala. Já nada mais resta a fazer a não ser endurecer a alma, calar, anestesiar o que te resta para não mais sentir dor; e enfim trazer um conforto frágil, ilusório de que já não se sente mais nada.
Porém nada satisfaz, vem o sol, cai a noite, calor, frio, chuva... tudo igual, todo dia... o mesmo dia. Nada é novo, nada tem graça, tudo é normal, sempre igual por mais que não seja, por mais que se ande...
As mesmas pessoas invisíveis a tua volta.... o mesmo desespero guardado a sete chaves na alma...
As mesmas revoltas, reviravoltas na mente... Tudo tecido de couro, impenetrável...
Onde todo sucesso é insucesso... onde toda comida é pouca, todo fruto é velho, toda bola é mucha, toda corrida é “slow motion”, todo show é novela, toda comédia é mal gosto, todo sentimento é teatro....