sexta-feira, 23 de novembro de 2007

BALADA PRA MULHER NENHUMA

Tem uma música de um grupo de blues (Velhas Virgens) que tem esse título.
É uma banda satírica, com letras pesadas, humor carregado e um ótimo som. A balada a qual me refiro aqui é um pouco diferente a da música da banda.
Nenhuma mulher merece sofrer mais do que já sofre pelo fato de ser mulher. Nenhuma mulher deveria se apaixonar, de modo que sempre fosse servida pelos homens. Sem sentimento algum dentro de si, uma mulher poderia ser fria, sagaz, racional, ardilosa... seria bem mais parecida com um homem. O que seria muito bom, para a mulher.
Nenhuma mulher deveria ter marcas, nem do passado nem do porvir. As marcas trazem junto consigo traumas, temores, crenças e rancores.
Nenhuma mulher deveria chorar na vida, o choro de uma mulher é a expressão última de um sofrimento imenso, é a última gota de sangue... é a entrega das armas, é a pura expressão da derrota, é a contestação de ser vencida, é a demonstração de cansaço, de esgotamento. É a súplica pelo fim.
Nenhuma mulher deveria ter nacionalidade... deveriam ser de uma única nação, todas deveriam falar a mesma língua.... os homens é que se virassem pra aprender a língua feminina. Isso tornaria as mulheres mais unidas, melhor informadas e muito menos machistas do que são hoje... machistas sim... porque ainda deixam um homem dominar a situação, ainda criam seus filhos para ser “o homem da casa”.
Não deveria haver o dia internacional da mulher... porque o dia da mulher deveria ser todo dia. Muito menos deveria haver dia das mães... Mãe é mãe sempre... todo dia, cada minuto, cada segundo.
Não deveria haver balada para mulheres, toda balada deveria ser da mulher. A mulher é que tem que ser badalada sempre. Bajulada, paparicada, agraciada, cortejada, acarinhada, tomada nos braços, embalada e aninhada, sempre quando ela desejar e/ou precisar.
A mulher é frágil no melhor sentido da palavra, apesar de ser sempre forte.... mesmo não parecendo, apenas o fato de ser mulher já incute nela uma força tremenda... pois por mais frágil que ela seja, ainda assim tem o poder de gerar a vida, de passar pelo parto e de trazer à luz um novo ser.
Nenhuma mulher deveria precisar pedir nada, tudo já deveria estar a seus pés... suas necessidades deveriam ser supridas no ato em que a própria necessidade se fizesse presente.
A mulher deveria ser independente por escolha e não por necessidade.
Toda mulher deveria nascer princesa, e viver como uma rainha. Toda mulher deveria ser elogiada todos os dias, por todos os homens, estando ela gorda ou magra demais... um elogio fortifica a mulher, renova suas forças e as torna mais belas. Diante de um elogio a mulher se sente melhor, mais bonita e se cuida mais, quer ser mais elogiada, e, portanto se olha mais no espelho.
Toda mulher deveria entender uma outra mulher e não competir com ela. Toda mulher deveria repartir o pão com a outra e não querer tudo para si. Assim como em outra situação, toda mulher deveria unir ao invés de separar.
Toda mulher deveria ter o poder nas mãos para transformar um homem, deixa-lo mais dócil, mais humano, mais sentimental e bem menos racional.
Toda mulher deveria poder humilhar um homem, sempre que ele a magoasse... sempre que ele a ignorasse, sempre que ele pisasse nela....Deveria ter o poder de faze-lo sentir o último dos homens, o último dos seres do planeta inteiro... fazê-lo ter vergonha de si próprio, vergonha dos seus atos, da sua natureza irracional, da sua ignorância diante de uma mulher.
Toda mulher deveria poder equilibrar a balança, não ser tanto mulher e ser um pouco mais homem. Não que os homens tenham muitas qualidades e as mulheres tenham muitos defeitos, mas seria uma forma da mulher poder racionalizar suas atitudes e colocar os homens em seus devidos lugares, faze-los provar do próprio remédio. É uma equação que não cabe explicação, nem racionalização, muito menos comparação entre o ser sim e o não. O fato é que essa é uma balada pra mulher nenhuma.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Choro de mulher...

A alguns dias atrás tive uma experiência jamais vivenciada por mim. Antes disso pensei já ter sentido a dor na carne. Mas descobri que não.
Os problemas não existem até nós mesmos os causarmos de alguma maneira. Se você não ama ninguém, não sofre por amor. Se você não fume, jamais terá doenças relacionadas a esse hábito. Se você não bebe, idem. Se você não trabalha, jamais terá que bater cartão....porém também não terá o que comer; e isso se aplica aos medingos, aos pedintes, etc.
O único problema de verdade é aquele que não se pode solucionar. Como alguns problemas de saúde.
Os problemas de amor, depois que já se está tomado por ele também não podem ser solucionados.
Quem nunca chorou? Quem nunca sentiu dor? Quem nunca sofreu por amor, por paixão??
O fato é que pensei que já havia sentido a dor de amar, a dor das decepções em relação ao ser amado... mas que nada!
O fato é que certas atitudes machucam, machucam muito mesmo. Ser ignorada, na cara dura, dói muito também, talvez muito mais.
Perceber que não se pode fazer nada com relação ao outro; que se é dependente de outra pessoa, dos sentimentos do outro... que você está de mãos atadas. Que você só pode se comunicar com esse um, se ele assim quiser e se dispuser e que por mais que você faça, por mais que se esforce em prol de alguém, em prol de uma paixão... não há garantias quanto aos sentimentos desse alguém, nem quanto a sinceridade das palavras. Que podem ser só palavras, sem nenhum recheio de sentimento.

Chorei, chorei muito... chorei com dor... com o peito rasgado, a alma em pedaços... algo se quebrou dentro de mim... E quando ouvi o meu choro, não parecia eu... e sim o choro de uma mulher... a dor de uma mulher... como se não fossem sons saídos de dentro de mim. Naquele momento me senti mesmo uma mulher... não a mulher independente, decidida, alegre... mas a mulher frágil, sofrida, desiludida, perdida de amor e paixão.... aquela mulher que não sabe que rumo tomar; que direção seguir... Não sabe p/ onde ir... nem ao menos sabe se está no caminho certo.
Alguém que tateia no escuro... em pleno breu, e sozinha... que espera alcançar uma mão, a mão companheira, cúmplice que a levará de volta para a luz e a fará repousar tranquila... sem medo de não mais existir o amanhã, o depois... Aquela mão que sempre estará ali... que velará o sono, com carinhos dispensados à face.

Os sonhos sonhados juntos, disperdiçados no vento... no tempo... esquecidos na memória de alguém.... agora vivenciados apenas por uma só pessoa... sabe-se lá!

Um futuro tão próximo, que parecia tão paupável, quase real... totalmente realizável... se faz pó do dia para a noite... sem um motivo justificado, sem anda assinalado... endereçado.

Nenhum telefonema, nem uma linha escrita, nem um email citado, nem um numero de telefone ou endereço... nem uma palavra.
E a sensação de impotência toma conta, a tristeza, o fracasso e a profunda dor é um corte profundo na alma, que grita e faz rolar as lágrimas... faz soltar os gemidos e grunhidos de desespero, desalento, solidão.
O verdadeiro choro de mulher...
Acabaram-se as doces ilusões, os sorrisos bobos, as brincadeiras inocentemente tolas, as piadinhas provocantes, o fulgor dos desejos... tudo desmora numa fração de segundos...
E... Enfim, mulher de verdade!